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Os Animais Gigantes da Austrália: Por que Eles São Tão Grandes?

Descubra a história da megafauna australiana e os incríveis (e enormes) animais que habitam o país.

canguru com seu filhote na bolsa olhando para a camera
Imagem: Ondrej Machart | Unplash

Admiração para uns, objeto de estudos para outros, os animais gigantes da Austrália tem muita história para contar.

O país é conhecido como a terra dos cangurus, mas, a verdade é que ele é lar de muitas espécies fascinantes e enormes. E a primeira pergunta que vem à cabeça é: por que os animais na Austrália são tão grandes?

Por que existem animais gigantes na Austrália ?

A fauna australiana intriga cientistas, viajantes e entusiastas da natureza por gerações. Mas o que torna esse lugar o lar de tantos animais gigantes? A resposta está na história geológica e evolutiva deste continente enigmático.

A era dos supercontinentes

Primeiro vamos pensar no período em que o planeta era formado por dois supercontinentes: Laurásia e Gonduana. Gonduana estava localizado no hemisfério sul do planeta e englobava o que hoje é a Antártida, Índia, África, América do Sul e nosso foco, a Austrália.

Diversidade e evolução

Toda essa diversidade de ambientes facilitou a variedade de espécies e permitiu a evolução em tamanho (e outros aspectos) de muitas delas. Mamíferos, répteis, aves, peixes e anfíbios e até insetos gigantes dominavam esse ambiente.

Movimento tectônico e extinção

Isso aconteceu durante milhões de anos, enquanto a movimentação das placas tectônicas distribuiu lentamente os continentes como conhecemos atualmente. Na divisão, o território australiano ficou com uma das “piores” partes, mas também manteve parte da megafauna.

Resultado? Muitos dos grandes animais foram extintos já que o país possui cerca de 70% de território árido. Nada propício para animais gigantes se manterem vivos e alimentados, não é mesmo? Mas nem tudo foi perdido.

A resistência da megafauna

Então, se a maioria da megafauna do planeta foi extinta, o que aconteceu na Austrália? Lembra que falamos que aconteceu uma separação dos continentes?

Diferente dos demais continentes que continuaram próximos, a Austrália ficou isolada. Isso fez com que houvesse pouca interferência de migração e cruzamento de espécie, além de não ser fácil o surgimento de predadores.

A megafauna australiana que restou ficou protegida. Mas quem são eles?

A lista é longa, por isso separamos alguns dos mais emblemáticos e grandiosos seres da Austrália.

Os gigantes da Austrália

Apresentamos os animais gigantes da Austrália. Essa lista pode até te assustar, mas com certeza você também vai se surpreender.

Crocodilo marinho (Crocodylus porosus)

crocodilo marinho bernard dupont wikimedia
Crocodilo Marinho (Imagem: Bernard Dupont | Wikimedia)

Depois de descobrir que esse animal existe na Austrália, confesso que estou pensando duas vezes em ir para lá. Ao mesmo tempo que minha curiosidade quer conhecer esse animal tão fascinante, meu instinto de sobrevivência grita “sem chance”.

Aposto que você deve pensar que estou exagerando, mas, só para você ter uma noção, esse animal pode chegar a sete metros e é carnívoro. Ou seja, entre as suas refeições podem estar um macaco, um búfalo ou… humanos.

Ele é “só” o maior réptil que existe no mundo todo. Só perde para seus antigos parentes jurássicos. Aliás, ele é uma lembrança do que os dinossauros foram, e porque seria assustador viver na mesma época que eles.

Ele é tão importante para a Austrália (e para o mundo) que eles são protegidos por projetos de conservação da espécie. Isso aconteceu depois que a espécie quase desapareceu devido à caça por sua pele há algumas décadas.

Raposa-voadora (Pteropus alecto)

raposa voadora charles j sharp wikimedia commons
Raposa Voadora (Imagem: Charles J. Sharp | Wikimedia)

Já vou adiantando que não é uma raposa, mas sim um morcego gigante. O nome popular vem da semelhança entre o focinho desse animal, e o de uma raposa.

Mas calma, não estamos falando de uma espécie carnívora. É só o tamanho que impressiona. A verdade é que a raposa-voadora (ou morcego gigante, como preferir) é acostumada com a presença humana.

Esse morcego pode chegar a 2 metros de envergadura das asas, ou seja, considerando o comprimento de ponta a ponta das asas.

Olhando para a raposa-voadora dá até para se imaginar num filme do Batman. E a melhor notícia é que a espécie não sofre risco de extinção. Então já sabe né? Se um dia você visitar a Austrália, tem que tirar um tempo para conhecer esse “morceguinho”.

Tubarão-cobra (Chlamydoselachus anguineus)

frill shark open cage wikimedia commons
Frill Shark (Imagem: Open Cage | Wikimedia)

A junção de dois dos maiores medos de todo ser humano em um só animal é de aterrorizar mesmo. O tubarão-cobra recebe esse nome por ser um tubarão semelhante à serpente marinha, mas com 2 metros de comprimento.

A única coisa mais assustadora que essa informação, é pensar que eles são fósseis vivos, ou seja, são espécies que existem desde muito antes de nós. Especialistas já encontraram fósseis desse animal que data de 80 milhões de anos atrás.

O mais interessante nessa espécie é que sua anatomia não mudou praticamente nada desde a época que surgiu: corpo de enguia, grandes olhos e dentes com grande poder de dilacerar presas.

Isso foi fácil para eles por se tratar de uma criatura abissal. Isso significa que eles vivem a uma profundidade de mais de 200 metros no mar, sem muita interferência humana.

A espécie foi considerada extinta, mas, algumas aparições foram registradas, inclusive na Austrália.

Água-viva gigante (Cyanea capillata)

agua viva juba de leao isabel bennet museu australiano
Água viva-juba de leão (Isabel Bennet | Museu Australiano)

Imagine estar nadando e se deparar com uma água viva de 30 metros?! Isso pode acontecer na Austrália.

A espécie é a maior do mundo, contando o corpo e tentáculos. O tamanho é maior do que a baleia-azul, só pra termos uma base. E falando em tentáculos, eles podem machucar os seres humanos, caso sejam alérgicos. Mas, para aqueles que não têm alergias, a exposição causa apenas irritações (ufa!).

Uma curiosidade interessante é que a água-viva juba-de-leão estão sendo consideradas “protetoras dos mares”.

O motivo é que essa espécie é predadora de um plâncton invasor em alguns oceanos. Por ser invasor, ele está interrompendo a cadeia alimentar desses locais e indiretamente causando a morte de peixes e baleias.

Caso se espalhe por outros locais como invasor, ele pode até causar a extinção dessas espécies e outras que dependem delas.

E os gigantes do passado?

Se a Austrália moderna abriga criaturas impressionantes, imagina seu passado? Antes dos cangurus e crocodilos que vemos hoje, a terra australiana era o lar de animais cujo tamanho desafiam nossa imaginação.

Canguru-da-cara-achatada (Procoptodon goliah)

Não tem como falar do presente ou do passado da Austrália sem mencionar os símbolos do país: os cangurus. Nesse caso, a espécie que já foi extinta há muito tempo, mas que mostra como os marsupiais (mamíferos que possuem aquela “bolsinha” que carrega e alimenta os filhotes) eram importantes.

O canguru da cara achatada ganhou o título de gigante por poder chegar a 3 metros de altura. Isso equivale a quase três vezes a média dos cangurus atuais.

Seu peso também impressiona: podia chegar a 240 quilos — quase o peso de um leão. E tanto o peso quanto a anatomia mais robusta do ancestral do marsupial preferido da Austrália mostra que eles não eram seres saltantes.

Segundo os fósseis encontrados, as patas traseiras do canguru gigante tinham uma estrutura semelhante ao casco de um cavalo, o que significa que eles estavam adaptados a andar, e não saltar.

Vombate gigante (Diprotodon optatum)

Vombate Gigante sendo tratado por uma cuidadora
Imagem: James Horan | Museu Australiano

A Austrália com certeza é cheia de peculiaridades como já deu pra perceber. Entre elas estão os marsupiais que dominam todos os lugares. O vombate gigante que viveu há cerca de 45 mil anos é um exemplo histórico disso.

Eles faziam parte da megafauna australiana e chegavam a quase 4 metros de altura e até 2 metros de comprimento. Semelhante ao tamanho de um rinoceronte. Mas por mais que tivesse todo esse porte — além de garras assustadoramente fortes — o vombate era um animal herbívoro.

Os vombates de hoje (muito menores, claro) são tão queridos que estão se tornando animais de estimação.

Leão-marsupial (Wakaleo vanderleuri)

leao marsupial anne musser museu australiano
Leão marsupial (Imagem: Anne Musser | Museu Australiano)

Esse é mais um caso de um nome meramente ilustrativo. Não é um leão que estamos falando. É de um marsupial que tem parentesco com os vombates que acabamos de falar.

O nome vem de algumas características diferenciadas que essa espécie tinha: eles eram carnívoros e grandes, muito grandes. Assim como a maioria dos felinos, o leão marsupial tinha dentes caninos que usavam para mastigar as partes “moles” de suas presas.

O leão marsupial chegava a um metro e meio e pesava até 100 quilos, mais um motivo para a comparação com o rei da selva, já que os leões atuais podem pesar o mesmo.

Piton gigante (Liasis dubudingala)

piton gigante b duckworth museu australiano 1
Piton Gigante (Imagem: B. Duckworth | Museu Australiano)

Pense em uma cobra. Agora pense que a média de tamanho de uma cobra é de 5 metros. Por último, pense em um animal assim, mas que pode chegar a 10 metros de comprimento. Você descobriu a piton gigante da Austrália.

Para se ter uma ideia, ela era tão grande que seria capaz de engolir um animal de porte médio a grande como um jacaré. Mas ela caçava também animais de todas as subclasses (mamíferos, aves, peixes, répteis e anfíbios). Segundo fósseis encontrados com ossos de outros animais como tartarugas, esse animal gigante e perigoso viveu há 4 milhões de anos.

Lembranças vivas do passado

De seus antigos habitantes da megafauna aos gigantes modernos, o continente nos oferece uma janela única para o passado e presente da vida selvagem. Mesmo que alguns dos animais que você viu aqui te causem arrepios, não tem como negar que é impressionante poder conviver com eles.

Em um mundo onde a maioria dos animais do passado estão em museus, é uma honra conhecer essas lembranças vivas do passado.