Mistérios

Navios Fantasma: As Embarcações Que Desapareceram Sem Deixar Rastros

Existem mais mistérios entre o oceano e a costa do que você pode supor. Conheça os navios que nunca voltaram.

Navio naufragado na orla da praia
Imagem: Aneta Hartmannova | Unsplash

Os oceanos são puro mistério e histórias sem fim. Você já parou para pensar o que aconteceu com navios que sumiram no horizonte e nunca mais foram vistos?

As águas salgadas sepultaram uma lista infinita de embarcações. Silenciosos e solitários, desses barcos só restam perguntas e (muitas) suposições.

E o que há além dos mistérios? Abismos insondáveis, criaturas ocultas e forças inescrutáveis. Nessa terra sem fronteiras ou leis, a imaginação pode ser a única arma.

Para matar sua curiosidade — e instigar sua mente — fique com as histórias mais curiosas, bizarras e sem conclusão de navios perdidos nos confins do oceano.

1632 – Holandês Voador

Eu não poderia começar de um jeito diferente. Toda a história do Holandês Voador é singular, e ainda mais estranhas são as lendas que surgiram em torno deste navio.

Ao longo do tempo, foram criadas várias versões e adaptações sobre essa suposta embarcação.  

Uma delas diz que o navio pertencia a um capitão chamado Van der Decken, que desafiou Deus ao tentar navegar em meio a uma tempestade violenta. Como punição, o navio e sua tripulação foram condenados a vagar pelos mares eternamente, sem nunca conseguir aportar em terra firme.

Embora seja parte do folclore marinho, há relatos históricos e documentos antigos que mencionam um navio fantasma que navega há séculos, sem nunca ancorar em um porto. 

Muitos marinheiros já relataram ter visto o navio fantasma, que se parece com o Holandês, com seus três mastros, e, segundo eles: “velas rasgadas e a bandeira em chamas”.

A história do navio fantasma inspirou a ficção ao longo dos anos. Uma das menções mais memoráveis da lenda é no filme “Piratas do Caribe: O Baú da Morte” onde seu capitão (recebe o nome de Davy Jones) é o inimigo que Jack Sparrow precisa enfrentar.

Além disso, ele também virou um personagem recorrente do desenho animado Bob Esponja. Lá ele é retratado como um fantasma verde temido por todos.

Seja qual for o verdadeiro desfecho desse relato — se ele for real — a verdade é que a lenda do navio Holandês Voador é fascinante e continua a despertar o interesse.

1748 – Lady Lovebond

Esse navio fantasma guarda uma história de amor, rivalidade e tragédia (necessariamente nessa ordem). Um triângulo amoroso que acabou com toda uma tripulação.

Os relatos contados são de que, em 13 de fevereiro de 1748, Simon Reed — o capitão do Lady Lovebond —  sua noiva e seus familiares estavam a bordo do navio por um motivo muito especial: o casamento do casal.

Era uma noite agradável e com o tempo favorável aos marinheiros. O navio seguia pelo rio Tamisa rumo ao Canal Inglês.

Entretanto, tinha uma pessoa a bordo que não estava contente com essa união: John Rivers, o melhor amigo do capitão. O motivo você já deve imaginar. Ele também era apaixonado pela mulher que seu amigo se casou.

Descontrolado, Rivers tomou uma atitude que levou toda a tripulação à morte: ele propositalmente encalhou o Lady Lovebond nas areias Goodwin.

Depois dessa data, muitas embarcações disseram ter visto o navio. 

James Westlake, capitão de um navio chamado Eldridge, disse ter ouvido sons de festa no convés inferior do Lady Lovebond. Isso em 1798 (cinquenta anos depois da última aparição). O mais curioso é que, até contar isso, ele não sabia da tragédia que havia acontecido.

Em 1848, um de barco de pesca enviou botes salva vida para resgatar os tripulantes, mas à medida que os botes se aproximavam, o navio sumiu.

Esses avistamentos surgiram com a lenda que diz que a cada cinquenta anos, no aniversário do acontecimento, o navio e seus tripulantes são vistos comemorando o casamento e somem. Isso foi reforçado por outros relatos de marinheiros nos anos de 1898, 1948, e o mais recente, em 1998.

Nada do navio foi realmente encontrado, portanto, a história ainda está aberta à imaginação dos marinheiros — e dos românticos.

1761 – Octavius

Isso não é Frozen, mas essa história é congelante. Estamos falando de um navio chamado Octavius que desapareceu em 1761.

A história diz que o capitão do Octavius tentou retornar para a Inglaterra pela rota alternativa da Passagem do Noroeste, na América do Norte — muito antes das ambições de Sir John Franklin de quem falaremos jajá — mas, como você deve imaginar, sem sucesso.

Mais de 10 anos depois, tripulantes do baleeiro Herald, acharam o navio. E as condições eram (muito) bizarras. 

Ele estava à deriva em algum lugar do oceano próximo à Groenlândia coberto por gelo. O capitão do Herald então embarcou com seus homens no navio abandonado. Depois de uma limpeza, os tripulantes acharam uma boa ideia dar uma festa.

Mas, para a sua surpresa, quando eles chegaram à cabine do capitão encontraram parte da tripulação do Octavius congelada. A história fica assustadora pela forma como a tripulação estava.

O capitão estava sentado, apoiado em sua mesa e com seu diário de bordo nas mãos.  Em outro canto do cômodo estavam mais três pessoas em uma situação impensável para quem estava congelado.

Havia uma mulher sentada no chão, com a cabeça apoiada nos cotovelos, olhos abertos e assustados olhando para o segundo corpo, esse de um rapaz também sentado. Perto dele, o terceiro corpo, de um garotinho coberto por uma blusa.

Outros vinte e oito corpos foram achados, todos congelados com expressões de medo no olhar. O espanto foi tanto que, os tripulantes do Herald deixaram o navio abandonado sem sequer pegarem o diário de bordo do capitão.

Sem as anotações do capitão, o que aconteceu no Octavius permanecerá para sempre um mistério. 

O navio nunca mais foi visto, e lendas de marinheiros dizem que os tripulantes-fantasmas permanecem à deriva no mar, assombrando outros navegantes.

1845 – USS Terror e Erebus (Expedição Franklin)

Esse desaparecimento envolve não um, mas dois navios da realeza britânica que tiveram um final misterioso. A missão das embarcações Terror e Erebus era atravessar a Passagem do Noroeste e chegar ao Ártico canadense e coletar dados.

A questão é que Sir John Franklin — explorador que liderava a chamada “Expedição Franklin” — seria o primeiro a completar o feito. O trecho ficou conhecido por frustrar os planos de muitos marinheiros ao longo da história.

A ideia era mostrar o quão poderosa a Inglaterra era, já que o local era uma rota comercial vantajosa que unia os oceanos Atlântico e Pacífico.

Mas, as coisas saíram de controle. O navio saiu em maio de Greenhithe mas teria seu último avistamento em agosto, na Baía de Baffin. Até aí tudo bem, ainda existia a chance de o navio estar apenas fora do alcance. 

As coisas começam a ficar aterrorizantes com as descobertas realizadas durante as missões organizadas de resgate dos navios e tripulação.

Tempos depois do desaparecimento, em 1980 foram encontrados corpos de 3 tripulantes da Expedição Franklin. O problema é que segundos os antropólogos que fizeram a descoberta, havia sinais de mutilação dos cadáveres.

Essas mutilações eram alguns pedaços e membros cortados com o que eles acreditavam ser facas. A teoria criada pelos pesquisadores é de que, nas condições de fome que estavam, os tripulantes começaram a se alimentar de seus colegas mortos.

E as coisas ficaram mais curiosas em 2014, quando o HMS Terror foi finalmente encontrado — em condições estranhamente conservadas — em um local que não passava sequer perto da sua rota: a Ilha do Rei Guilherme.

O navio-irmão, Erebus nunca foi encontrado. Isso só diz uma coisa: temos mais perguntas do que respostas sobre esse caso.

1858 – HMS Safo

O HMS Safo foi um navio real australiano usado para transporte de armas de fogo que operou durante 20 anos combatendo o tráfico de escravos. O trabalho do capitão e sua tripulação era interceptar navios negreiros.

Em 1857, o Safo libertou em Luanda, na Angola 380 escravos de um grande navio. Após isso, graças a um problema com os Estados Unidos, foi ordenado a voltar para casa. Sua fatídica última viagem partiu do Cabo da Boa Esperança com destino a Sydney.

Infelizmente, o navio nunca chegou. Muitos boatos surgiram sobre uma fuga da tripulação, mas o navio e nem mesmo os corpos foram encontrados.

1872 – Mary Celeste

Essa é uma das histórias de arrepiar quando o assunto são as embarcações que sumiram misteriosamente no mar. Mary Celeste foi encontrada em perfeitas condições no Oceano Atlântico. Suas velas, carga e pertences da tripulação intactos.

Só havia um detalhe: ninguém estava lá. Os botes salva-vidas e o diário de bordo do capitão não foram encontrados. Essa situação atípica fez com que várias teorias fossem criadas. 

Entre elas estavam algumas bem razoáveis, como a ideia de que uma tromba d’água atingiu o navio e obrigou toda a tripulação a pular na água. Outras, consideram que os tripulantes foram abduzidos por naves alienígenas.

1918 – USS Cyclops

Como você já deve ter pensado, o Triângulo das Bermudas é um dos cenários que não poderia faltar nessa lista. Foi lá que o USS Cyclops desapareceu sem nunca mais ser encontrado. 

O navio americano que transportava combustível partiu do Rio de Janeiro, e devido a alguns problemas com a carga e funções, mudou um pouco a rota e foi parar no temido triângulo.

Não havia sinais de emergência. Nem sequer uma mensagem de socorro. 

Todas as 306 pessoas a bordo do navio desapareceram sem deixar vestígios. A única coisa que restou do navio foi seu nome, mas com o tempo ele foi removido da lista de navios da Marinha americana.

O desaparecimento do USS Cyclops virou alvo de diversas lendas e teorias conspiratórias. Alguns acreditam que o navio foi afundado por um submarino alemão, enquanto outros afirmam que ele foi destruído por uma tempestade ou por piratas. Outra teoria é que a tripulação do navio foi vítima de um surto de doença contagiosa.

Apesar de muitas investigações e buscas ao longo dos anos, o desaparecimento do Cyclops continua sem solução.

1955 – Joyiota

Esse navio não está na lista daqueles que nunca foram encontrados, mas o enigma que o envolve, torna ele um navio fantasma.

Sabe aquele sentimento de que algo está errado, mas você não sabe exatamente o que é? Foi assim que os moradores de Fiji se sentiram quando encontraram o Joyiota em suas águas, sem ninguém a bordo. 

Quem encontrou o navio descreveu que ele cheirava a podridão e estava todo corroído, como se a ação do tempo tivesse destruído o navio.  O estranho? Isso aconteceu apenas cinco semanas depois do último contato do navio.

E para tornar tudo ainda mais confuso, havia curativos ensanguentados espalhados pelo navio, mas sem sinal de conflito, ou pedido de ajuda.

O que será que aconteceu? Algumas pessoas acreditam em motim, outras em fraude, ou até mesmo em atividade sobrenatural. No entanto, nada conseguiu explicar completamente o mistério que envolve a embarcação.

Isso nos lembra de que, ainda há muitos segredos escondidos nas profundezas dos oceanos que nunca serão completamente revelados.

Entre a lenda e a tecnologia

Antes de invenções como telégrafos, e atualmente o GPS, o sumiço de um navio era uma sentença de nunca mais ouvir falar do assunto. Afinal, quem sobraria para contar a história, não é mesmo?

À medida que a tecnologia avança e novas descobertas são feitas, muitos mistérios que antes eram tidos como inexplicáveis se tornam cada vez mais compreensíveis. 

Mas, será que a nossa necessidade de explicação nos levará a perder o encanto das lendas e mitos que há séculos inspiram a imaginação humana? Ou será que ainda haverá espaço para histórias que não se apegam tanto aos fatos, por mais que a tecnologia avance?

A resposta, talvez, esteja entre a lenda e a tecnologia, entre a razão e a imaginação.

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